domingo, 21 de março de 2010

pensava que o mundo era redondo


Subiu as escadas a correr e enfiou-se na casa de banho para se lavar do sangue. Esteve lá fechado mais de uma hora, deitado na banheira de água tingida a vermelho, enquanto recordava o que acabara de fazer. Já está, pensou. Passou depois o corpo pela água que corria do chuveiro e, mesmo a pingar, deitou-se na cama, enrolou-se no lençol, e adormeceu.
Às 7:00 o despertador tocou, caindo de seguida no chão, vítima de uma tentativa frustrada para se calar. Levantou-se, apanhou e desligou o despertador. Caminhou até à janela, abriu as portadas e deixou que o sol entrasse e iluminasse o quarto. Tomou banho, barbeou-se, vestiu-se e penteou-se. Desceu as escadas, foi à cozinha preparar o café, que tomou de uma vez só, e saiu.
Estava muito calor já àquela hora. Ele detestava o calor. O calor tirava-lhe as forças, deixava-o fatigado. Estava também muito trânsito, o que não era normal. Destava, também, o trânsito. O trânsito tirava-o do sério, deixava-o irritado. O cheiro, pensou. Sentiu-se, então, mais calmo, enquanto fechava os olhos e tentava inalar o cheiro. Aquele cheiro, vindo da mala do carro, dava-lhe paz, fazia-o sentir-se melhor.
Embrenhou-se no meio do mato e só descansou quando atirou a última pá de terra. Acabou-se para sempre.

o menino


Uma televisão por desligar. Uma porta aberta. Um cigarro por apagar. Uma cama por fazer... Chama-se Afonso, o adolescente desta história que estou a escrever. Um adolescente que tinha sensivelmente 17 anos, que saiu para uma noitada com os amigos. Um adolescente que por onde saiu, não mais voltou a entrar. Vou contar também que ele antes de sair comeu uma última maçã que não sabia a nada, enquanto observava pela janela a chuva quente que caía naquela noite de Verão.
E, se a criatividade mo permitir, irei escrever também a forma serena com que ele saiu e, como enquanto saia uma lágrima lhe percorria a face pálida e pranteada . Conforme deixou as coisas, assim ficaram e assim permanecem. Porque ele o Afonso, nunca mais voltou, nunca mais ninguém soube nada daquele adolescente .

na primária



na primária sim, aqueles amigos foram verdadeiros, conhecios desde pequena, pois somos do mesmo ano e andamos sempre juntos, desde a creche até à primária. Foi uma altura fascinante, iamos todos juntos para a escola, sempre muito cedo antes das aulas começarem para podermos estar sempre juntos, eles sim eram os meus amigos a francisca, a catarina, o alberto e a mafalda.
era tudo fascinante, tipo contos de fadas, iamos sempre uns para casa dos outros, eramos mesmo os melhores amigos, apoiavamo-nos em tudo, era mesmo assim perfeito. Nas férias combinava-mos sempre idas às piscinas, idas a casa um dos outros.
O quarto ano foi o pior, depois de tantes coisas passadas, pois sabiamos que apartir de ali não nos iamos ver mais, iamo-nos separar, não aguentamos e no último dia de aulas desatámos a chorar, foi por pouco tempo porque afinal era o último dia, tinhamos de aproveitar.
dali então soubemos que só nos iamos ver, afinal, um dia por semana...agora sempre recordamos as coisas vividas, as gargalhadas dadas, até os momentos tristes.
mas sempre, para sempre estaremos juntos. apesar da mafalda não andar connosco na catequese, será para sempre amigos .